Desisti de entender de futebol. Primeiro, porque nunca achei
mesmo que entendia. Eu escutava o que os comentaristas diziam, usava meu bom
senso, procurava não perder nenhum jogo do Flamengo, revia quando era possível
gravar, buscava as estatísticas de cada partida, escutava (ou lia) a opinião
dos amigos e depois disso tudo me atrevia a expor alguma coisa minha, fruto
desse amontoado de opiniões, fatos e impressões. Nem sempre saía alguma coisa
útil, mas a generosidade dos amigos acabava me convencendo que tinha sido bom
para alguém ler aquela coluna ou os meus pitacos sobre futebol e principalmente
sobre o time do Flamengo.
Como todo torcedor, passei por toda a montanha russa de
emoções, gritando “olha o rebaixamento aí” depois alguma apresentação
melancólica ou “Rumo a Tóquio” a cada duas vitórias seguidas. Pensei mesmo que
já estava entendendo um pouquinho mais desse fantástico “esporte bretão”. Pois
bem! Realmente eu não entendo é nada de futebol! E dessa vez eu não escrevo
isso para depois dizer que “essa é a graça do futebol”, e que o “Sobrenatural
de Almeida” é que torna o futebol esse esporte único, porque o mais fraco pode
ganhar do mais forte, etc.
Eu jurava de pé junto que o que nos faltava era um meia. Que
um DEZ de verdade, do tipo que entra em uma partida e faz dois gols seguidos,
ou dá assistência para os nossos atacantes, seria a chave para a virada e para
a arrancada no campeonato. Antes, já tinha jurado que precisávamos de um
goleador, um matador mesmo, um guerreiro como o Guerrero. E isso sem falar que
defendemos aqui muitas e muitas vezes um melhor aproveitamento da base, e pelo
menos há um ano e meio atrás já falávamos do Jorge, um talento da base. E
outros falavam do Baggio, do Jajá, do Matheus Sávio... E pelo menos o Jorge
subiu. Meti o pau no Erazzo, chamado por aqui de Erraço, no Bressan, e
reconheci que com Cesar Martins estávamos bem servidos, principalmente se ele
atuasse ao lado do Samir, nossa jóia rara, que depois de pagar seus pecados no
purgatório das contusões inesperadas viria nos resgatar e assumir a
titularidade para nunca mais largar. Elogiei a contratação do Jonas, o
Jonasteiger do Sampaio Correa, e acreditei que com ele em campo nossa marcação
nunca mais daria mole para os adversários, e que ele saberia sair com a bola com qualidade.
Isso para não lembrar dos elogios feitos ao Paulinho, Everton, Gabriel, Luis
Antonio, Airton, Cesar goleiro.... Ou seja, nada do que eu acreditava parece
ter dado certo. Vejo o time jogar bem o primeiro (ou o segundo tempo) e acredito
que “agora vai”. Não vai. Vejo a defesa ser escalada como eu queria e...
fracasso total, a maior peneira desse campeonato nas bolas suspensas na nossa
área. Vejo o técnico parar com a obsessão de 3 volantes e.... o time continua a
levar gols do mesmo jeito que levava com 3 volantes em campo, com a diferença
de que antes não fazíamos gols e agora estamos fazendo, mas ainda menos do
estamos sofrendo.
Como é que alguém pode entender de futebol com estes
resultados? Ou com estes juízes safados que se revezam em errar contra o
Flamengo? Não acreditava em conspiração. Agora acredito! Serviço completo como
o do último jogo: Dois pênaltis não marcados e dois cartões amarelos
providenciais para facilitar o jogo para o próximo adversário, justamente o
tricolor paulista que vem de memoráveis “sacodes” e de um desempenho muito abaixo do que era de
se prever com seus elenco de estrelas.
E não vou falar mais do Marcio Araujo. Não é possível que o
Bandeira de Melo, que eu sempre vi como um torcedor autêntico, um legítimo
representante da nossa arquibancada, também não enxergue o peso morto que é a
escalação desse jogador, que, segundo dizem, foi escorraçado pela torcida do
Palmeiras aqui em São Paulo e joga como titular absoluto (E INSUBSTITUÍVEL) com
todos os treinadores que passam pelo Flamengo. Estão vendo como EU não entendo
de futebol? Nadica de nada?
E para terminar, depois do jogo tive grandes discussões com
Palmeirenses e outros entendidos de futebol que dizem que o Guerrero exagerou
no lance do pênalti. Que o Pará fez cena. Pode ser. Mas foi falta, não foi? O
jogador foi derrubado, não foi? O jogador não tentou enganar o árbitro, ele pode
até ter tentado dar um ar mais dramático ao episódio, mas isso não muda a
essência do lance. Foi falta. Dentro da área, é pênalti!!!!!!!! Ou será que
nem disso eu consigo entender???? Ou será que é pura desonestidade intelectual
de quem ainda diz que o atacante merecia ter ganho cartão amarelo? E ainda sou
obrigado a ouvir que o Flamengo é um grande beneficiário do apito amigo....
Meus amigos, precisamos reagir a este estado de coisas. Estou de saco cheio de
ver a mediocridade prosperar e das pessoas dizerem que a roubalheira “é
normal”. Nem no futebol, nem na vida pública, isso não é normal nem é “assim
mesmo”. É preciso punir os bandidos e afasta-los dos cargos públicos, tanto no
esporte como na política. Tudo dentro da lei, mas sem esmorecer, sem
condescender com a safadeza e com a “mau caratice” de árbitros, dirigentes,
jogadores e políticos. E se coloco tudo no mesmo saco, é porque são tudo
farinha do mesmo quilate e natureza.
Para o jogo desta quarta feira, já que eu não entendo mesmo
de futebol, espero uma vitória simples, contra o horroroso time do Vasco. É só não
deixarem a bola sair pela linha de fundo. Sem escanteios nenhum adversário faz
gol contra nós. Não tirem dos rubronegros nosso último consolo, que é zoar os viceínos. Já que não dá para comemorar uma sequencia de
vitórias no Brasileirão, que aproveitemos os desígnios dos deuses do futebol,
que nos deu o adversário perfeito para que “o respeito” continue. A gozação não
pode parar. Quarta pode ter feijoada no almoço, mas a noite tem que ser bolinho
de bacalhau. Lembrando que o Flamengo deve ser o único time que conseguiu
perder duas vezes para o Vasco este ano... Chega de impunidade! Pra cima deles,
Mengão!
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