sábado, 21 de maio de 2016

Uma coisa ou outra coisa?


 Amigos rubronegros, a primeira vez que eu ouvi essa expressão (Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa!) eu ri muito e debochei da colega de trabalho que disse tamanha obviedade. Quem diria que mais de 20 anos depois eu me pegaria a citando a mesma expressão tantas veezes. Como o “óbvio ululante”, diria o tricolor rubronegro Nelson Rodrigues, se repete tantas vezes no nosso cotidiano, e especialmente, no dia a dia rubronegro! Querem exemplos? Vamos a eles, misturando as constatações positivas e negativas.

Que o Flamengo não vem jogando bem é óbvio! E não estou reclamando porque o time de futebol masculino não ganhou nada nesse semestre. Ganhar ou perder faz parte do jogo (o que também é óbvio). O problema é que o Flamengo não está jogando NADA! Tivemos alguns poucos lampejos, alguns jogos em que poderíamos ter vencido se a sorte nos favorecesse, mas a cada jogo, a cada mudança na equipe, nossas esperanças se desvanecem, viram fumaça como os zagueiros que o Flamengo vai contratar. Não é o 4-3-3 ou o 4-4-2 que não dão certo. É o time inteiro que se perde em campo, sem apresentar um padrão de jogo ou o espírito de união que caracteriza uma equipe vencedora. Jogadores que tentam virar heróis, resolvendo tudo sozinho e perdendo bisonhamento a jogada e a posse de bola. E é óbvio que o Muricy tem culpa nesse cartório. Ele pode ser um técnico consagrado, tem o meu respeito pelo ser humano correto que demonstra ser, mas está mais que evidente que este “modelo Barcelona” não funciona sem jogadores acima da media que nós não temos. Ou sem um Iniesta que dê cadência e objetividade neste meio de campo que invariavelmente perde o controle da região de onde deveriam nascer as jogadas que municiam o ataque. A ponto de começar a sonhar com dois ou até três volantes nesse time, na esperança de que pelo menos paremos de perder seguidamente para times que hoje estão na série B, C e até D. Não sei dizer o destino do nosso técnico depois do seu problema de saúde. Mas se for para insistir no que está claramente não está dando certo, melhor pedir para sair mesmo. Vamos ter problemas para achar um bom técnico para o seu lugar, mas é melhor do que temer o rebaixamento com o que seria “o melhor elenco” dos últimos três anos. Mas existem novos nomes para apostar, como o Fernando Dinis, que fez o Audax chegar na final do Paulistão com um futebol diferente, ofensivo e compactado, por exemplo.

Também é óbvio que o presidente Bandeira de Melo não acertou a mão no futebol, e os títulos da Copa do Brasil de 2013 e o Carioca de 2014 foram quase um “acidente de percurso”. Rodrigo Caetano, o homem que chegou com status de grande negociador, com relações fortes com empresários e clubes, não emplacou grande sucessos na suas contratações. O Rodrigo Caetano só parece ter tido sucesso em colocar ex-jogadores nos outros clubes. O que não deve ser tão difícil assim, já que estes jogadores saem quase a custo zero para quem os contrata. Vejam bem, não estou querendo trazer de volta o Muralha, Negueba, Thomás, Adryan e o resto da turma menos cotada, como Val, Bruninho e etc. Só estou dizendo que mandar embora tem sido muito mais fácil do que trazer bons jogadores. Não é possível que o Flamengo fique um semestre inteiro buscando um zagueiro e não consiga nada, enquanto a saída (Marcelo, Samir, Cesar Martins, Frauches, Erazo, Bressan) seja constante e tranquila. Também não estou dizendo que quero estes jogadores de volta. Só percebo que a saída é sempre facilitada e a entrada parece uma porta trancada. É claro que a falta de dinheiro é uma variável importante para um clube que quer se reogarnizar financeiramente. Mas trouxemos vários jogadores relativamente caros, não é admissível que não tenhamos olhado os jogadores que hoje estão fazendo sucesso no Atlético Nacional de Medelín ou no Indepediente Del Valle. Não é possível que o Juninho tenha preferido ficar no Coritiba, rejeitando a oferta do Flamengo. Que ninguém tenha visto o Arturo Mina jogar, ou não tenham tentado zagueiros do próprio futebol brasileiro que poderiam ser trazidos com o pagamento da sua multa. Não é um bom trabalho e de todas as mudanças que podem ser feitas, trocar o Diretor de Futebol ainda é a menos traumática. Já ficou claro que o Caetano não vai pedir para sair, então, é hora do presidente (ou do Vice, já que o titular está “contribuindo com a CBF” nos próximos 30 dias) fazerem o que lhes compete como dirigentes máximos deste clube Nação. Rifem esse vascaíno pé frio e vamos em frente!

Mas entre as coisas que são óbvias, deveria ser claro também que temos a melhor administração do clube em muitas décadas. Se continuarmos nessa recuperação, em breve, com os jogadores e dirigentes certos, seremos uma potência não só do Brasil como do futebol internacional. Antes dessa gestão (2012), com 200 MM de receitas (não considerando as receitas de transferências) estávamos atrás dos principais times de São Paulo (Corinthians, SP e Palmeiras) e de outros menores, como o Atlético do PR. Em 2015, alcançamos o primeiro lugar em receitas (344 MM) e o maior superávit (130 MM no resultado de Receitas menos Despesas) entre os clubes da série A. E olhem que ainda somos a segunda maior dívida total, mesmo tendo feito não só uma redução impensável como tendo ajustado as questões fiscais e trabalhistas, cicatrizes indeléveis das gestões anteriores. Não estou dizendo que isso deveria nos satisfazer, pois nossa tradição de luta e comprometimento não vem sendo hontada e a torcida, que tem feito a sua parte lotando os estádios quando isso é possível, não tem sido recompensada a contento. Mas daí a chamar o presidente de “banana” ou colocar textos ofensivos a sua pessoa nas redes sociais vai uma distância tão grande como a do futebol que queremos ver essa equipe jogar. Está rodando na internet um áudio onde um suposto torcedor flamenguista diz que Flamengo é mesmo time de bandido, que quer o matador Bruno de volta, que o Imperador era malandro mas era bom, que não temos que pagar salários em dias, que vale qualquer coisa desde que o time ganhe. Me mostraram este vídeo morrendo de rir, e apesar de reconhecer a criatividade e senso de oportunidade dos autores, só consegui sentir tristeza. Não é retroagindo que vamos avançar. Eu quero um time compacto, organizado, seguro na defesa, com um meio campo equilibrado e um ataque eficiente. Mas uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa. Não apoio a viagem do nosso presidente com a seleção brasileira, mas respeito a sua decisão que me desagrada. Não é porque o time está mal que a honra do Bandeira deva ser atacada. Tirando essa viagem, e a maneira como o Jaime foi demitido (mesmo querendo a sua saída na época), vejo muito mais acertos do que erros na conduta do nosso presidente. E não aceito que os torcedores que postaram a favor de outras candidaturas e depois “sumiram do mapa” aproveitem a oportunidade para reaparecer e desancar o presidente como se as soluções para os nossos problemas sejam simplesmente maldizer um cidadão honrado ou pedir a volta ao passado. O momento é difícil para as duas “Nações”, a rubronegra e a brasileira. E a resposta não está no incentivo ao ódio ou na separação dos “compatriotas”, está na sua união em prol do bem comum. Como alias devia ser em campo também.


Para não dizer que não há alegrias, depois da vitória do sub20 na Copinha e do Basquete, que entrou na reta final para mais um título, nos vemos agora campeões brasileiros de futebol feminino. Como a imprensa não parece ter dado o destaque necessário a esta importante conquista (a primeira de um time não paulista em 4 anos de competição), fica aqui o nosso agradecimento às atletas que nos levaram a esta vitória, sinceramente demonstrando mais garra e entrega do que os profissionais masculinos tem apresentado. Valeu meninas, parabéns, obrigado, e que esse exemplo comece a se reproduzir, começando por este difícil compromisso contra o Grêmio na casa deles. Pra cima deles, Mengão! (mas sem descuidar da defesa…)