sábado, 26 de julho de 2014

Saltando no escuro: Que torcida é essa?



Amigos do Conversa Flamenga, confesso a minha enorme dificuldade de decidir o que dizer nessa véspera de clássico, sem fugir do óbvio, que é a necessidade absoluta de vitória. Um empate nos deixaria na mesmíssima posição medíocre e indigna das tradições flamengas. Não foi uma semana fácil de digerir. Completamos a terceira perda de escritores que me tocavam, e muito, o coração e a minha brasilidade. Com Ariano Suassuna, lotou o táxi que levou para o céu três grandes nomes da nossa cultura em um tempo muito curto. Imagino Ariano discutindo com João Ubaldo e Rubem Alves no caminho de ida.
Como singela homenagem, procurei frases eternizadas por estes três grandes brasileiros, e que me permitam iniciar este comentário angustiado sobre o momento rubronegro.
A compreensão exige um antecedente de experiência. Isso vale para a jardinagem, para a beleza da música, para iniciar a criança na arte da leitura... mas ... é preciso, antes de mais nada, desconfiar de nosso estoque de experiências, colocar as nossas certezas de lado." (Rubem Alves)
No início de 2012 eu havia me juntado às vozes que pediam a saída de Vanderley Luxemburgo do Flamengo. O ambiente era péssimo e a sua saída parecia um alento naquele momento. Nunca me agradou essa figura de empresário travestido de técnico que o Luxa encarnou depois de um período radioso de sua carreira, que alcançou seu clímax em 2004, exatos 10 anos atrás, com o título brasileiro conquistado pelo Santos. Acredito sinceramente que se o Luxa, naquele momento, se dedicasse apenas ao trabalho dentro de campo, teria tido muito mais sucesso do que os estaduais esparsos que conquistou depois, chegando ao ponto de estar desde 2013 sem emprego até ser novamente contratado pelo Flamengo.
Assim, eu jamais indicaria o Luxa para nosso técnico neste momento. Não sei se é verdade que seu nome foi uma imposição dos dirigentes que passaram pelo Flamengo nos anos anteriores (os mesmos que levaram o Flamengo a esta situação de penúria e de falta de credibilidade), mas entendo que a política de um clube, como na política nacional, passa por alianças espúrias e pelo diálogo entre as facções, por mais que isso não me agrade. Mas como disse o mestre Rubem Alves, precisamos desconfiar do nosso estoque de experiências. O que significa que as vezes temos que aceitar a possibilidade de estarmos  errados, mesmo que a voz da razão e as nossas vivências digam o contrário.
O fato é que não podíamos continuar como estávamos, perdendo seguidamente e a cada jogo apresentando um futebol pior que o anterior, e com os mesmos erros de escalação. Ney Franco não tinha mais efeito como comandante deste grupo e se em 7 jogos (e trinta dias de treino!) não havia conseguido impor um padrão de jogo, com ele nosso destino estava traçado. Estávamos completamente vulneráveis defensivamente e sem marcar gols. Pior, a bola simplesmente não passava pelo nosso meio de campo. Como as opções no Brasil (Tite, Felipão) trariam o estilo “gaúchobol” ao Flamengo, e confiando que o Sampaoli realmente não aceitou o nosso convite, acabei entendendo que talvez um Luxa despido de sua arrogância habitual, mais propenso a limitar o seu trabalho às quatro linhas, poderia ser uma solução de choque para um time que realmente precisava de um impacto,  e de uma medida que se coadunasse com a força desta torcida. Torcida que, a meu ver erradamente (mas compreensivelmente), já tinha perdido as estribeiras na agressão ao jogador (ou ex-jogador) André Santos, uma espécie de símbolo do Flamengo modorrento e preguiçoso dos últimos tempos. Me ocorre trazer uma interpretação “ubaldiana” para este sentimento de revolta: “Jogar ovos, tomates e tortas na cara de autoridades e pomposos variados é comportamento relativamente comum nas democracias mais consolidadas, com exceção da americana, onde o pessoal prefere dar tiro mesmo.” (João Ubaldo Ribeiro)
Mas depois desse longo introito, nem vou me deter para falar da possível contratação de Robinho por inimagináveis 900 mil reais mensais, já que até agora isso foi apenas um factóide lançado pelo nosso ex-presidente que contratou mais de 100 jogadores em dois anos de mandato. Se virar realidade voltamos ao assunto. O que me interessa mesmo é o estado de espírito da Nação RuboNegra. De um momento de absoluto descrédito e falta de confiança, passamos para a euforia absoluta. Já durante a semana a fila de ingressos parecia fila de hospital público às seis da manhã. Talvez pelo fato de ser a volta do time ao Maracanã, talvez pelos problemas na obtenção dos ingressos... Mas com certeza pelo magnífico espírito rubronegro que culminou com uma presença maciça no treino deste sábado, com direito a cântico novo e uma empolgação digna de final de campeonato.
Aí vale perguntar: QUE TORCIDA É ESSA? Que sentimento move esta massa capaz de sustentar uma campanha rumo às principais posições na tabela com a força do seu grito, do seu suado ingresso e de suas orações vindas de todos os cantos deste país? Que coisa maravilhosa este sentimento de pertencimento que une pessoas tão diferentes no dia a dia, de todas as classes sociais, de todas as religiões e de todos os sotaques. Mesmo na rabeira da tabela, me dá vontade de gritar: Como é bom ser Flamengo!
Embora de minha parte, prefira me ater ao nosso queridíssimo Suassuna, que diz: "O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso." (Ariano Suassuna), é preciso reconhecer que a direção vem buscando um caminho. Os ingressos se tornaram mais acessíveis, e o técnico fez uma convocação dizendo que “a Nação tem que comparecer e nos apoiar. Esquece o que estamos passando, nossa razão de ser é a Nação Rubro-Negra...todo mundo que trabalha hoje no Flamengo está de passagem por aqui, o Flamengo existe por causa da sua torcida. Se ela nos abandonar, o clube acaba”. Ou seja, só falta em campo o Flamengo nos presentear com uma bela atuação, com uma garra verdadeiramente rubronegra e com um futebol consistente, que compense esta euforia desmedida. Só o fato de não termos Felipe, André Santos e Elano em campo já é motivo para prever uma atuação mais equilibrada. O Botafogo que se cuide. Se depender da torcida, a cachorrada vai ser vacinada...

Saudações RubroNegras!

domingo, 20 de julho de 2014

PIT STOP no Mengão


O Domingo já foi um dia de felicidade geral da Nação. Quando tinha corrida de Fórmula Um, até a ida para a praia ou para o churrasco com os amigos era atrasada para ver mais um show do Senna. A tarde, futebol no Maraca, e na década de 80, dia de show de Zico e Cia. O país foi se democratizando e a esperança de todos os brasileiros era grande. Antes de Senna, Piquet e Fittipaldi já haviam ganho títulos mundiais e era comum dizer que ninguém tinha tantos pilotos bons como nós. Nós éramos brasileiros, sim, com muito orgulho...

Mas não há bem que vire eterno, nem mal que dure para sempre. Na política, um presidente eleito doente e que escondeu a sua doença de todos, não toma posse e leva ao poder o suprassumo das oligarquias, do coronelismo e da fisiologia na política. Na F1, os demais países e fábricas de carros simplesmente se prepararam para tomar o poder. No futebol, embalados pela fase magnífica, apareceram os flamenguistas populistas, dispostos a levar vantagem em tudo, como dizia o anúncio que desgraçou a imagem do craque Gérson, a ponto de ser criada a expressão “lei de Gérson”.

O resultado todos sabem. No campo político, depois de uma bem sucedida virada de jogo no combate à inflação, todas as nossas esperanças vieram abaixo, a ponto de pessoas que sempre foram idealistas e esperançosas, hoje, não terem nem disposição para acompanhar o noticiário do Congresso, mais parecido com um folhetim policial do que com a descrição da “nobre arte da política”. Na F1, tivemos 7 títulos do Schummi, 4 do Vettel e estamos indo para mais um campeão alemão, o Rosberg, com a Mercedes, também alemã. No futebol mundial, vimos um projeto sério levar a Alemanha ao vice campeonato de 2002, aos terceiros lugares de 2006 e 2010 e finalmente ao título mundial de 2014.
Não é possível que as pessoas acreditem que vamos inverter esse jogo sem fazer nada. Está claro que o bravo Massa não vai mais ser campeão mundial, errando seguidamente e quando não erra, herdando todo o azar histórico que acompanhou a carreira do último piloto brasileiro a ter alguma projeção na F1. A cada corrida, uma decepção nova. Não dá nem mais vontade de ver, a menos que sejamos admiradores fanáticos de corridas e queiramos ver o show de Lewis Hamilton, Alonso e Vettel. O resto é só vexames, a ponto do Massa sair na primeira volta da corrida em duas corridas deste ano, ainda na metade do campeonato. E já que falamos de vexame brasileiro, como esquecer os 7 a 1 da semifinal contra os mesmos alemães que vem dominando (pilotos e fábricas) a categoria principal do automobilismo mundial? Tão desacordados ficamos que até torcemos para os nossos algozes, mandando o corporativismo sul americano às favas e rezando para que os hermanos, além do Papa, não tivessem mais munição para nos gozar nessa eterna rivalidade.

E chegamos ao Flamengo, que nesse domingo tem pela frente mais um adversário bem organizado, que vem de uma derrota e precisa se recompor diante de sua torcida. Quantas e quantas vezes dissemos aqui que o Flamengo inferiorizado se agiganta e que, “tremei adversários”, é nessas horas que a mística rubronegra aparece e a vitória nos sorri?
Mas do mesmo jeito que não vamos a lugar nenhum com Dunga e Gilmar, não vamos a lugar nenhum com o Sr. Ney Franco insistindo na burrice de escalar Felipe, Elano e André Santos. E ainda com o azar “barricheliano” de não contar com Samir, Paulinho e provavelmente Everton. Vamos ter Mugni e Luis Antonio em campo, mas os 30 dias de treinamento não serviram para dar ritmo e entrosamento à equipe que vai entrar em campo. 

Li durante as férias que o time consegue mudar o esquema tático “sem trocar os jogadores”, como se fosse o máximo da inteligência tática do nosso comandante (?). Mas e trocando, também sabemos? Porque pelo visto o tão sonhado 3-5-2 fez água na primeira prova, e olhem que não foi contra  um dos favoritos ao título, foi contra o modesto Atlético do Paraná, que ainda se deu ao luxo de deixar o excelente Marcelo Cirino no banco quase o jogo inteiro.
O Zinho não fez muita coisa como dirigente do Flamengo. Mas cunhou uma expressão de desânimo que nos marca desde então: “Difícil, muito difícil!”.
Essa é a nossa realidade. Vamos para a frente da TV  com as esperanças de sempre, baseadas no nosso desejo profundo de ver o triunfo rubronegro, mas conscientes que só com muita ajuda do nosso santo padroeiro voltaremos do Sul com os três pontos que tanto precisamos.

Vai que é tua, São Judas! E que todos os espíritos rubronegros possam nos ajudar nessa nova Missão Impossível!



quinta-feira, 17 de julho de 2014

E AGORA?


 
por Rodrigo Ribeiro

Essa é a pergunta que resta fazer depois da catástrofe que foi o jogo do Flamengo diante do Atlético Paranaense. Um resumo, e mais um capítulo de praticamente todo o ano futebolístico do Flamengo até agora.

E, sinceramente?  Não sei a resposta a tal pergunta.
Acredito, sinceramente, que essa Diretoria seja bem-intencionada. Mas já mostrou que não entende bulhufas de futebol.E pode estar jogando a maior oportunidade de recuperação do Flamengo, no lixo.

O que a Diretoria tem que entender é que não há recuperação, seja administrativa, moral e principalmente financeira para o Clube, dissociada do futebol.

E estamos na rota, firme e forte, da segunda divisão.
Tivemos quarenta e cinco dias, durante a Copa, para recuperar o time.
Entre as providências que deveriam ter sido tomadas, a de trocar um treinador claramente aquém do que o Flamengo necessita (apesar do salário de quatrocentos mil reais pago pelo “austero” comando de futebol), fato que toda torcida rubro-negra sabia, menos a direção do Flamengo; a de contratar jogadores para posições carentes, e que são muitas, livrando-se de algumas laranjas já podres; e a de treinar sem parar para reverter toda essa situação adversa.

Mas, ao contrário, o Clube premiou os jogadores com quinze dias de férias; manteve o treinador que a cada jogo comprova a sua mediocridade; não contratou praticamente ninguém, e o faz agora, nas coxas, trazendo jogadores que serão tão apostas quanto foi o Cadu no início do ano passado.

Entre discursos mentirosos de contratações que se tornaram o destaque dessa direção do futebol de Flamengo, entre trinta dias entregues na mão de um dos piores treinadores do país, que gastou todo esse tempo pra piorar o que já era ruim, estamos aí, na lanterna.

E por favor, não me venham com desculpas de que é o início de um trabalho e blá blá blá, ou será que o Doriva, que recentemente chegou no nosso adversário de hoje, claramente muito mais bem organizado que o Fla, treinou o Atlético Paranaense por um ano?

O Fla está sem dinheiro, mas isso é desculpa?
Ou será que Sport, o próprio Atlético Paranense, Goiás, Bahia, Chapecoense estão nadando em dinheiro, ou com mais dinheiro pra contratar do que a gente? Aliás, quanto será a folha salarial deles, e quanto é a nossa?

Será que a Diretoria, que tanto anseia por dinheiro, sabe que a segunda divisão representa uma absurda queda de arrecadação? Uma mancha inexpugnável na imagem do Clube?  Será que a Diretoria se lembra das cláusulas que ela mesmo colocou nos contratos de patrocínio referente a produtividade por resultados? O que dirá à Adidas, que patrocina somente clubes top, sobre uma segunda divisão do Campeonato Brasileiro?

Passados quarenta e cinco dias da porrada que tomamos do Cruzeiro, nada mudou, ou talvez tenha até mudado pra pior.  Entrevistas serão dadas, desculpas serão cuspidas de todos os lados, novas promessas de contratações para desviar o foco serão feitas, e, enquanto isso, os resultados negativos continuarão a vir.

E não vejo horizonte de melhora por conta de uma Diretoria de Futebol lenta, burocrática, pouco ousada, conformada e incompetente, sempre perdida e quase sempre contando com o acaso ou com a sorte.

Só espero que, quando quem comanda o Clube acordar, e ver que manter Ney Franco foi um erro abissal e que contar no grupo com jogadores como Chicão, Elano, Léo Moura, o laranja podre André Santos, entre outros, sem substituí-los, é outro erro inevitavelmente fatal, não seja tarde demais...

Talvez até já seja.

E agora?

Posfácio do Editor: Confesso que quando vi o título deste texto, me lembrei da brincadeira de criança em que a resposta para a pergunta "E Agora?" era "Caga na mão e joga fora!". Me parecia perfeita para a nossa situação atual, em que estamos literalmente na merda e descobrimos que falta papel higiênico, ou seja, nenhum treinador do mundo teria a coragem necessária para barrar de uma só vez Felipe, Chicão, Andre Santos e Elano. E se isso não for feito, o bonde vai seguir ladeira abaixo. Impossível mudar alguma coisa com os mesmos jogadores e os mesmo erros. Para aliviar um pouco o espírito pesado, e as palavras fortes que eu mesmo usei aqui, resolvi recorrer a um outro "E Agora", da lavra do nosso poeta maior, Carlos Drummond de Andrade. Quem entendam o trecho dessa poesia como prenúncio do que seria um episódio triste como o rebaixamento do clube de maior torcida do mundo. Acabar com a festa desta torcida, cruzar a escuridão da Série B, afastar o povo dos maiores espetáculos... É fria, Diretoria!






quarta-feira, 16 de julho de 2014

A volta dos que não foram: Hoje tem Mengão!


Amigos do Conversa Flamenga, depois de um longo período, nossa paixão maior entra em campo. Pelo que vem sendo publicado nas notícias, vamos de Felipe, Wallace, Samir e Chicão, Léo Moura e André Santos de alas ou laterais, Recife, Elano e Everton, Paulinho e Alecsandro.
Com um mês de treinamento, esse foi o time que o Ney Franco treinou e concluiu ser o melhor para começar esta volta do Flamengo às primeiras posições. Não é o time dos sonhos de nenhum dos torcedores com quem converso. Uma boa parte queria César no gol, mas se contentariam com o Paulo Victor. Lembrem que Felipe estava cotado para sair do clube quando o campeonato foi suspenso. Nas laterais, é consenso que Leo Moura e Andre Santos não apresentaram condições físicas na primeira parte do campeonato que justificassem nem estarem no banco, quanto mais como titulares. O jogo vai nos dizer se o Léo Moura vai conseguir chegar na linha de fundo e cruzar, ou se vai mais uma vez repetir exaustivamente a jogadinha de virar para o meio e perder a bola. Depois dos 20 minutos de jogo, vamos confirmar se o AAS consegue respirar ainda ou se vai se sentir jogando na altitude.

Na zaga, Samir e Wallace eram inquestionáveis (embora a lateral esquerda fosse uma boa tentativa para o Samir, se conseguíssemos ter confiança em outro jogador para a zaga), mas Chicão não parecia ter mais a velocidade para acompanhar um atacante corredor. É um jogador técnico e com recursos, mas sem o vigor e a rapidez necessária para jogar de zagueiro. Vamos ver o que nos reserva esta posição de terceiro zagueiro. O fato é que esta primeira metade do time já entra em campo sob suspeita. Antes que me digam que estou pessimista, realço que estou apenas fazendo uma análise do que vi até agora. Não consigo imaginar que esta defesa tenha melhorado tanto assim com 30 dias de treinamento, dados os resultados pífios conseguidos nos jogos treinos ou nas peladas de reservas e titulares.

No meio, Recife ganha a vaga porque ganhou na estatística como o melhor ladrão de bolas. Torço muito para que seja uma boa descoberta e que ele consiga sair jogando com a bola, como vejo jogar o Cáceres (que imagino que seja o titular, mesmo com Ney Franco). Ainda tenho vívida a lembrança do bravo Willians, que desarmava como ninguém, mas entregava todas as bola ganhas em seguida. Elano, em sua nova tentativa de se recuperar das contusões, é um bom nome para bater faltas, mas se o time não buscar o drible perto da área, provocando as penalidades, pode voltar a ser a peça inútil que foi neste primeiro semestre. Não tenho raiva do Elano, nunca chamei ele de Bruxa do 71, mas ele está devendo meio ano ao Flamengo. Vai ter que jogar muito para reconquistar a confiança da torcida. Everton, apesar de algumas boas participações desde que voltou para o Flamengo, também foi muito prejudicado por várias contusões. Na minha escalação ideal, barraria o André Santos e o João Paulo e seria o ala moderno que eu imagino que o Flamengo precisaria pelo lado esquerdo do campo. O problema, a meu ver, é que o Everton não é um meia armador, que municie os atacantes com passes e lançamentos precisos. Duvido muito que ele tenha se tornado um meia clássico nesta intertemporada. E sem estes meias, quem vai fazer a bola chegar em boas condições para Paulinho e Alecsandro?

O time brasileiro nesta Copa do Mundo mostrou pelo menos uma grande semelhança com o Flamengo dos primeiros seis meses de 2014. Foi um time que abusou da ligação direta, da idiota repetição de bolas alçadas na intermediária, seja pelo goleiro (e nisso o Paulo Victor me parece melhor que o Felipe), pegando sempre os defensores de frente, e portanto com muito mais facilidade de rebater do que os atacantes de matarem a bola, girarem e partirem para o gol. Não tenho informações seguras para pensar diferente. Li várias matérias dizendo que os jogadores assimilaram o estilo Ney Franco, que ele conversou muito, parava os treinos para orientar, treinou finalizações, corrigiu as falhas nas jogadas de bola parada e alçadas na área, enfim, mesmo estas boas notícias não me animam a fazer uma previsão de jogo fácil ou pelo menos tranquilo contra o nosso adversário desta quarta feira. Espero estar errado e que os jogadores sejam tudo que não foram neste começo de 2014. Mas tento entender, e não consigo, como é que se vai mudar alguma coisa se temos a volta exatamente daqueles que não foram  eficazes este ano, colecionando uma das piores sequencias de resultados de todos os campeonatos brasileiros que já participamos. Sei que é repetitivo, mas não dava para ter usado este tempo para treinar o Mugni como meia? O Luiz Antonio, dono de um belo passe e um dos poucos que consegue lançar, não tinha vaga neste time? Enfim, não vou fazer aqui a minha escalação ideal, porque devo partir do princípio de que o Ney ganha o suficiente para fazer o seu trabalho e escalar o melhor time. Quero muito estar enganado, e que o fato de não jogar no Maracanã não tenha tanto impacto, mas está difícil de imaginar que este time, com tantos jogadores lentos e cansados antes de entrar em campo, consiga dar o espetáculo que a torcida merece depois de 30 dias vendo os melhores do mundo jogando.
Ah, faltou arriscar um placar? 3 a Zero Mengão! Porquê? Porque isso aqui é Flamengo! O time que inspira a camisa da seleção campeã mundial e foi o único time de futebol brasileiro presente nos noticiários esportivos durante a Copa da Copas! Porque sempre imagino, que há uma chance dessa camisa jogar sozinha e inspirar seus jogadores a se superarem e calarem a boca de todos os críticos, inclusive eu! Porque quem sabe venhamos a ter em campo uma dupla gringa (Mugni e Canteros) que entre no segundo tempo e modifique a mesmice esperada. Porque quem sabe o Léo Moura, que costuma jogar bem toda vez que descansa 15 dias, possa fazer uma partida memorável, ganhando quem sabe mais dois anos de contrato estendido. Porque talvez o Paulinho faça uma daquelas jogadas infernais, a la Uri Geller, e que isso resulte em um dos gols. Ou que o Alecsandro comece a receber bolas em condições de serem empurradas para o gol, pois isso ele sabe fazer. Ou que o Elano cobre com a perfeição que já demonstrou uma falta criada pelo rápido Everton...
Flamengo, em nossos corações tu és sempre uma contradição. Que desta vez a surpresa seja positiva e que consigamos tirar o pé da lama e partir para as vitórias e para uma posição mais digna na tabela. 

Simbóra Mengão! Avante esquadrão rubronegro!


E Saudações RubroNegras!