segunda-feira, 13 de julho de 2015

É proibido sonhar?

Amigos rubronegros, evoco a figura de Don Quixote, o Cavaleiro da Triste Figura, para tentar explicar o sentimento flamengo que nos domina depois de mais uma péssima apresentação, e às vésperas de mais um confronto de vida ou morte que se avizinha na Arena Pernambuco. Escrito por Miguel de Cervantes e publicado originalmente em 1605, Don Quixote de La Mancha é a história de um fidalgo castelhano, que de tanto ler romances de cavalaria, acaba por perder o juízo e resolve ser um herói igual aos dos romances lidos. Enfrentando vilões imaginários e investindo contra moinhos de vento, Don quixote é acompanhado pelo seu fiel escudeiro Sancho Pança, um homem simples e realista, que contrasta com Don Quixote, um sonhador na sua essência, trazendo a realidade ao dia a dia da dupla. Pois é assim que nos vemos. Basta uma pequena vitória, uma contratação promissora e saímos gritando “Rumo a Tóquio”! Mas as rodadas se sucedem, e um jogo qualquer contra um time melhor estruturado nos remete de novo à dureza das derrotas e da desesperança. E tal e qual Sancho Pança fazia com seu senhor, somos de novo trazidos à realidade deste ano de 2015. Já trocamos de técnico, já fizemos apostas que não deram certo, já estamos no terceiro diretor de futebol, continuamos sem meias criativos, continuamos tentando fazer a bola alcançar nossos atacantes com lançamentos da zaga ou do goleiro, nosso time não faz os gols que precisamos para vencer, continuamos a ser prejudicados pelas arbitragens seguidamente, nossa defesa é uma peneira, e agora, para piorar, começamos a cometer erros infantis que e em gols adversários. Nunca pensei que ia ser obrigado a usar tantas vezes a pérola do Zinho, mas ele estava certo: Difícil, muito difícil!

A sensação que fica é que estamos proibidos de sonhar. Quantas vezes nesse campeonato ficamos com a impressão de que “agora vai”. Quantas partidas começamos com um ritmo de jogo em que pensávamos ‘hoje sai goleada”, e no final saímos derrotados. Por vezes, mesmo perdendo, elogiamos “a nova postura do time”. Quantos elogios depois do jogo de Porto Alegre fizemos ao trio cascudo de volantes, Jonas, Cáceres e Canteros? O mesmo que teve uma atuação bisonha no último jogo, permitindo que o time levasse três gols? De que adiantaram as reclamações de que este time treina pouco, comprovado por agendas que marcavam treinos para as 15:30, com a cobertura jornalística indicando que às 17:00 os treinos já tinham sido encerrados? Na época chegou-se a conclusão de que os “treinos de intensidade” seriam mantidos, pois essa era a prática comum à maioria dos clubes do Brasil. Quanto se discutiu se a troca de técnico, de novo seria a solução, quando uma parte dos torcedores dizia que a inimiga era a vida desregrada dos atletas? E nada, até agora, se revelou causa ou efeito definitivo, não há uma alma iluminada que seja capaz de dizer o que realmente fará o Flamengo sair desse desempenho ridículo. Não seria este torcedor que vive longe da Gávea e de seus bastidores que teria a pretensão de atinar com a solução milagrosa.

Mas eu quero ter o direito de sonhar. Aceito que este sonho só se concretize em 2016 ou 2017. Mas não aceito o pesadelo de acabar cada fim de semana contando os pontos e o saldo de gols para saber se estamos na zona de rebaixamento. Não aceito um time que vem pagando em dia e se destacando na parte administrativa perder tantas partidas neste primeiro terço do Campeonato. E mesmo correndo o risco de falar besteira ou me exceder, não me furto de expor as minhas opiniões, parte das quais é compartilhada por alguns torcedores e desprezada por outros.

  1.  Esse time não tem esquema tático nenhum, ou quando achamos que tem, vê o esquema desmoronar quando leva um gol;
  2. Lugar de zagueiro é na zaga, de volantes e meias no meio e de atacantes na frente. É preciso guardar posição, sob pena do time virar o time de pelada dos fins de semana; 
  3. Um time precisa de meias. Mesmo que não sejam os mais talentosos do mundo, é preciso de jogadores que façam o trabalho de pegar a bola na defesa e leva-la ao ataque. Não podemos entregar a bola seguidamente ao adversário com os tais chutões ou ligação direta;
  4. Chega dessa coisa de que “a pressão é grande e não podemos queimar os meninos da base”, enquanto outros times fazem isso, obtem resultados melhores e ainda fazem dinheiro quando vendem estes jogadores. É hora de Jajá, Matheus Sávio e de Jorge. Como diria o Tiririca, pior que está não fica;
  5. Um time precisa de dois laterais, dois zagueiros, dois volantes, dois meias e dois atacantes. É a maneira mais simples de arrumar um time. Se der certo, com tempo se testam outras opções, mas chega de meio campo cheio de volantes, ataque cheio de velocistas e ninguém para fazer esta ligação.


Se não conseguir a vaga contra o encardido time do Naútico nesta quarta feira, abriremos mão de vez da chance de estarmos na Libertadores em 2016. Porque cada vez fica mais difícil acreditar que vamos disputar o G4 neste competitivo campeonato brasileiro. E aí, sem essa perspectiva, nossa única missão neste ano é escapar do rebaixamento e contar quanto pontos faltam para o mágico “46 pontos”. E pra isso o Jaime deve dar conta, até que possamos contratar alguém que seja realmente treinador, que comande os jogadores, os façam treinar exaustivamente, saiba escalar e substituir, e que seja respeitado pelo grupo. Mas chega de enganadores e de desculpas. Se for para perder os jogos, que seja tentando tudo, do uso da base ao esgotamento físico deste atletas bem pagos.


Nada muda no meu apoio pessoal à esta diretoria. Continuo Sócio Torcedor, contribuinte eventual dos demais programas de apoio financeiro ao clube e espero ver este grupo no poder nos próximos três anos. Mas como disse alguém recentemente, tem hora que bater na mesa é instrumento de gestão. Vamos pra cima do Náutico e que toda a história do Flamengo ao longo destes 120 anos seja respeitada em campo e nos traga a vaga neste difícil jogo em Pernambuco. Pra cima deles, Mengão!


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