Amigos rubronegros,
a Copa do Brasil traz a oportunidade de conhecermos clubes dos quais nada ou
pouco ouvimos falar, embora regionalmente possam ser importantes e possuírem
uma longa história. No caso do centenário Brasil de Pelotas, por exemplo,
ficamos sabendo que eles se intitulam “Xavantes”, e quebrei um pouco a cabeça
para imaginar como é que isso foi acontecer, já que os Xavantes nunca estiveram
no Rio Grande do Sul, ocupando a região hoje chamada de Mato Grosso. Pois vou
contar para vocês a história. O clássico de Pelotas é o “BRA-PEL”, quando jogam o time do Pelotas
e o Brasil. Em 1946, um Bra-Pel estava sendo disputado quando um jogador do
Brasil foi expulso e o Brasil, que estava perdendo de 3 a 1, ameaçou tirar o
time de campo depois da expulsão de um jogador do seu time, no que foi dissuadido pela “turma do deixa disso”, e pela
torcida apaixonada que não arredava pé do estádio. O jogo seguiu e o Brasil,
mesmo inferiorizado, virou o jogo e ganhou de 5 a 3. Ao fim do jogo, a torcida
invadiu o campo para comemorar, e os jornais do dia seguinte chamaram a
manifestação de “Invasão Xavante”, referindo-se ao filme que estava em
cartaz no cinema da cidade na época. Longe de se incomodarem, os torcedores do
Brasil adotaram o termo, e dizem até que em Pelotas, de cada dez pessoas, oito
são “xavantes”. Eu já tinha ouvido falar de outro perfil sócio demográfico de
Pelotas, mas isso não vem ao caso agora...
Quanto às cores,
alguns dizem que o rubronegro foi adotado de uma agremiação carnavalesca da
época, Os Diamantinos, enquanto os mais poéticos insistem que Pelotas é a
cidade mais negra do Rio Grande, e que as cores são “o sangue e a raça” da sua
paixão. Seja qual for a verdade, essa
semelhança rubronegra deve ser a única coisa simpática que vamos ter pela
frente. Esse mesmo Brasil de Pelotas nos venceu no Brasileirão de 1985 por 2 a
zero (em Pelotas) em um time que tinha Zico, Adilio, Leandro, Mozer... Para
completar, o time vem bem no Gauchão 2015, campeonato aliás do qual ele é o
primeiro campeão (1919 - até hoje o seu único título significativo), e já
faturou o Grêmio dentro da Arena deles. Dizem até que a paixão xavantina não é
superada nem pelo amor das torcidas Gre-Nal... Enfim, a parada vai ser dura, o
ambiente vai ser hostil e para ganhar lá vamos ter que “suar um quilo certo”.
Umas das
características que mais falam bem deste time gaúcho é a marcação. E o fato é
que o Flamengo não vem se saindo bem contra times que marcam em cima. Foi assim contra o Resende, contra o Madureira e arrisco dizer, vai ser outra
pedreira contra o Gremio Esportivo Brasil. Eu tenho uma tese simples, e
gostaria de coloca-la em discussão. Na minha época de pelada de praia, sempre
tinha um “fominha” no time, o cara que queria resolver tudo sozinho e não
importava se tinha um companheiro mais bem colocado, o negócio dele ela
driblar, driblar e se possível fazer o gol. Como os placares das nossas
partidas na praia eram sempre elásticos (11 a 8, 9 a 7...) para alguns o
importante nem era o gol, a curtição era o drible, a jogada de efeito. Cresci
achando que craque era isso, o cara que acabava com o jogo sozinho. Com o tempo
fui percebendo as virtudes do futebol solidário e de certa forma o jogador
individualista foi sendo preterido em função do atleta que jogava para o time,
mesmo que fosse um futebolista medíocre. Hoje o que vemos é uma ausência dos
dribladores, com pouquíssimos exemplares do tipo Uri Geller e Garrincha. Podem
reparar, a bola vai de pé em pé, quando muito um passe mais vertical ou um
lançamento mais preciso, até que o gol
finalmente sai. Tudo bem, eu ainda aprovo o futebol coletivo, as jogadas
ensaiadas, a boa cobrança de bolas paradas e os bons “marcadores”, figura
essencial em qualquer time de sucesso. Mas é preciso ter também bons dribladores em um
time! Contra o Madureira, reparei que o Flamengo não tentava o drible nunca! A
exceção do Cirino, que parte para cima, quase nenhuma tentativa de ataque do
time era na base do drible. Talvez por isso eu tenha simpatizado com o
Thallysson, quando depois do jogo percebi que muitos diziam que ele tinha
jogado mal. Mas em duas ou três vezes ele tentou o drible (e conseguiu). Vai
daí a minha simpatia. A tese é essa: Em jogo de marcação cerrada, onde para
cada jogador temos sempre um marcando, e
as vezes dois ou três, a única saída para o jogador conseguir espaço é
se livrando do adversário! Sem contar que a torcida gosta mesmo é dessas
jogadas que deixam o jogador do outro time igual a cachorro que caiu do
caminhão de mudança, procurando o rumo. Me lembro dos bons momentos do Paulinho
em 2013, do Everton em 2014 e das tentativas do Maia neste começo de ano. Se
jogarmos o feijão com arroz neste jogo, ainda mais com três volantes, arrisca
complicarmos um jogo que em tese não deveria ser tão difícil assim. Pelo menos
temos demonstrado um bom preparo físico, e essa oportunidade que o Luxa teve de
revezar jogadores deve ter servido para entrar com o time na ponta dos cascos
nesta estreia.
Nem precisamos
dizer, mas vale ressaltar. De novo temos o jogo mais importante do ano até
agora. Uma vitória simples, que seja de um a zero, já será uma grande vitória.
Vou ficar torcendo para tenhamos mais dribles e que o jogo seja com cara de
Flamengo. Partindo para cima sem descuidar da marcação, mas buscando o gol o
tempo todo, mesmo se fizermos o primeiro!
Para cima deles,
Mengão! E Saudações RubroNegras!
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