terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Invasão Xavante

Amigos rubronegros, a Copa do Brasil traz a oportunidade de conhecermos clubes dos quais nada ou pouco ouvimos falar, embora regionalmente possam ser importantes e possuírem uma longa história. No caso do centenário Brasil de Pelotas, por exemplo, ficamos sabendo que eles se intitulam “Xavantes”, e quebrei um pouco a cabeça para imaginar como é que isso foi acontecer, já que os Xavantes nunca estiveram no Rio Grande do Sul, ocupando a região hoje chamada de Mato Grosso. Pois vou contar para vocês a história. O clássico de Pelotas é o  “BRA-PEL”, quando jogam o time do Pelotas e o Brasil. Em 1946, um Bra-Pel estava sendo disputado quando um jogador do Brasil foi expulso e o Brasil, que estava perdendo de 3 a 1, ameaçou tirar o time de campo depois da expulsão de um jogador do seu time, no que foi dissuadido pela “turma do deixa disso”, e pela torcida apaixonada que não arredava pé do estádio. O jogo seguiu e o Brasil, mesmo inferiorizado, virou o jogo e ganhou de 5 a 3. Ao fim do jogo, a torcida invadiu o campo para comemorar, e os jornais do dia seguinte chamaram a manifestação de “Invasão Xavante”, referindo-se ao filme que estava em cartaz no cinema da cidade na época. Longe de se incomodarem, os torcedores do Brasil adotaram o termo, e dizem até que em Pelotas, de cada dez pessoas, oito são “xavantes”. Eu já tinha ouvido falar de outro perfil sócio demográfico de Pelotas, mas isso não vem ao caso agora...
Quanto às cores, alguns dizem que o rubronegro foi adotado de uma agremiação carnavalesca da época, Os Diamantinos, enquanto os mais poéticos insistem que Pelotas é a cidade mais negra do Rio Grande, e que as cores são “o sangue e a raça” da sua paixão. Seja qual for a verdade,  essa semelhança rubronegra deve ser a única coisa simpática que vamos ter pela frente. Esse mesmo Brasil de Pelotas nos venceu no Brasileirão de 1985 por 2 a zero (em Pelotas) em um time que tinha Zico, Adilio, Leandro, Mozer... Para completar, o time vem bem no Gauchão 2015, campeonato aliás do qual ele é o primeiro campeão (1919 - até hoje o seu único título significativo), e já faturou o Grêmio dentro da Arena deles. Dizem até que a paixão xavantina não é superada nem pelo amor das torcidas Gre-Nal... Enfim, a parada vai ser dura, o ambiente vai ser hostil e para ganhar lá vamos ter que  “suar um quilo certo”.
Umas das características que mais falam bem deste time gaúcho é a marcação. E o fato é que o Flamengo não vem se saindo bem contra times que marcam em cima. Foi assim contra o Resende, contra o Madureira e arrisco dizer, vai ser outra pedreira contra o Gremio Esportivo Brasil. Eu tenho uma tese simples, e gostaria de coloca-la em discussão. Na minha época de pelada de praia, sempre tinha um “fominha” no time, o cara que queria resolver tudo sozinho e não importava se tinha um companheiro mais bem colocado, o negócio dele ela driblar, driblar e se possível fazer o gol. Como os placares das nossas partidas na praia eram sempre elásticos (11 a 8, 9 a 7...) para alguns o importante nem era o gol, a curtição era o drible, a jogada de efeito. Cresci achando que craque era isso, o cara que acabava com o jogo sozinho. Com o tempo fui percebendo as virtudes do futebol solidário e de certa forma o jogador individualista foi sendo preterido em função do atleta que jogava para o time, mesmo que fosse um futebolista medíocre. Hoje o que vemos é uma ausência dos dribladores, com pouquíssimos exemplares do tipo Uri Geller e Garrincha. Podem reparar, a bola vai de pé em pé, quando muito um passe mais vertical ou um lançamento  mais preciso, até que o gol finalmente sai. Tudo bem, eu ainda aprovo o futebol coletivo, as jogadas ensaiadas, a boa cobrança de bolas paradas e os bons “marcadores”, figura essencial em qualquer time de sucesso. Mas é preciso ter também bons dribladores em um time! Contra o Madureira, reparei que o Flamengo não tentava o drible nunca! A exceção do Cirino, que parte para cima, quase nenhuma tentativa de ataque do time era na base do drible. Talvez por isso eu tenha simpatizado com o Thallysson, quando depois do jogo percebi que muitos diziam que ele tinha jogado mal. Mas em duas ou três vezes ele tentou o drible (e conseguiu). Vai daí a minha simpatia. A tese é essa: Em jogo de marcação cerrada, onde para cada jogador temos sempre um marcando, e  as vezes dois ou três, a única saída para o jogador conseguir espaço é se livrando do adversário! Sem contar que a torcida gosta mesmo é dessas jogadas que deixam o jogador do outro time igual a cachorro que caiu do caminhão de mudança, procurando o rumo. Me lembro dos bons momentos do Paulinho em 2013, do Everton em 2014 e das tentativas do Maia neste começo de ano. Se jogarmos o feijão com arroz neste jogo, ainda mais com três volantes, arrisca complicarmos um jogo que em tese não deveria ser tão difícil assim. Pelo menos temos demonstrado um bom preparo físico, e essa oportunidade que o Luxa teve de revezar jogadores deve ter servido para entrar com o time na ponta dos cascos nesta estreia.
Nem precisamos dizer, mas vale ressaltar. De novo temos o jogo mais importante do ano até agora. Uma vitória simples, que seja de um a zero, já será uma grande vitória. Vou ficar torcendo para tenhamos mais dribles e que o jogo seja com cara de Flamengo. Partindo para cima sem descuidar da marcação, mas buscando o gol o tempo todo, mesmo se fizermos o primeiro!

Para cima deles, Mengão! E Saudações RubroNegras!

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