quarta-feira, 24 de junho de 2015

Gostar de futebol ou de Flamengo?

Amigos rubronegros, decidi que tenho muito pouco para falar do próximo jogo contra o Vasquim. A vitória é necessária e quase obrigatória, de tal forma que se não fosse o que costumo chamar de “irresistível vocação do Flamengo de complicar jogos fáceis”, eu já estaria contando com os três pontos. Mas já que jogar com o Flamengo é um campeonato a parte para o boquirroto presidente vascaíno, vamos torcer para o o Vice voltar, já que o respeito voltando foi mais uma ilusão do destemperado dirigente, como foi a contratação do Léo Moura. Mas ele diz que Ronaldinho Gaúcho “está 90% acertado”. Tomara.
Por isso resolvi falar do futebol propriamente dito, ou do que temos visto em campo e que vem sendo chamado, imerecidamente, de futebol. Neste último fim de semana resolvi gastar um tempinho de vida assistindo integralmente ao segundo tempo do jogo do Brasil. Não tenho muita simpatia pelo discurso de que “no meu tempo era melhor” nem pela nostalgia sem fundamento. O mundo muda, as coisas se transformam, a evolução (ou a involução, em alguns casos) é inevitável, e não me agrada muito este papo de tudo que é antigo é mais legal. Tem muitas coisas boas acontecendo no mundo, apesar das guerras eternas e do ódio racial e religioso. A medicina evolui, as técnicas de produção de comida também, a ciência e a tecnologia avançam e muitas coisas boas são hoje verdadeiros presentes para a humanidade. Mas no futebol... Corrupção de juízes, roubalheira na construção de estádios, valores absurdos por jogadores medianos, exportação de jogadores em idade juvenil, suspeição sobre dirigentes e entidades, e o pior, a impunidade. Ou seja, ao contrário das demais coisas coisas, no futebol vale a pena ter saudade. Isso de certa forma acontece na música também. E saudade não tem idade. Jovens que não viram o Zico jogar dizem ter saudade deste tempo e deste futebol mágico.

Primeiro é importante dizer porque assistir uma partida da seleção brasileira virou um hábito pobre de emoções. Na minha opinião, o que falta é identidade com o time. Mesmo correndo o risco de ser chamado de “saudosista”, me lembro quando o Saldanha foi escolhido como técnico da seleção e na sua primeira entrevista escalou os onze titulares. Eram “as feras do Saldanha”. Com algumas mexidas do Zagalo, aquele foi o time campeão do mundo em 70, uma das seleções mais cultuadas de todos os tempos no futebol mundial. As pessoas conheciam os jogadores, sabiam que TODOS eram excelentes jogadores, e mesmo sem a facilidade que a televisão nos traz hoje, todos sabiam em que time jogavam e quais suas habilidades. A verdade é que SELEÇÃO significava o que o nome diz! Selecionava-se os melhores jogadores de cada posição e se colocava para jogar. Agora, pense na seleção de domingo. Quem era Firmino, Fred, Fabinho, Fernandinho, Filipe Luis, Neto, e Geferson, antes de estrearem na seleção? Quantos torcedores já tinham ouvido falar deles? Não digo nem que sejam maus jogadores, digo apenas que ninguém tinha visto eles jogarem antes. E quando viram, perceberam que mesmo os bons jogadores não são craques. Não é mais uma SELEÇÃO. É muito mais um “catado” de jogadores que fazem (ou não) sucesso em campeonatos obscuros, na Ucrânia, Emirados Árabes, China, e que parecem ser convocados apenas para se valorizar e arrumarem novos contratos, com grande possibilidade de que os responsáveis pela convocação sejam beneficiados por estas negociações. Não há identidade da torcida com estes “vestidores da amarelinha”. Não há mais aquela discussão gostosa dos torcedores que querem ver os craques do seu time na seleção brasileira. Não sei a solução para o problema. Mas tirando a época da Copa do Mundo (e mesmo assim com muitas ressalvas), a torcida brasileira não é mais a mesma. Porque a Seleção também não mais a mesma. Mas devem existir mais razões para isso.
E assim chego ao segundo ponto da coluna de hoje, e que já explorei em colunas anteriores. Assisti, como disse o segundo tempo inteiro do Brasil e Venezuela, e só me lembro de UM único DRIBLE dado pelo time nos 45 minutos finais. Justamente o drible que permitiu o cruzamento e o segundo gol do Brasil. O fato é que a evolução física dos atletas (pelo menos nos times e países em que o preparo físico é diário e preocupação constante) tornou o jogo de futebol muito mais disputado, com todos os jogadores do meio para a frente marcados o tempo todo de perto. Isso quando o atacante não volta para marcar o zagueiro que se aventura na área adversária. Pois a única maneira de arrumar um espaço nesse futebol de pressão é através do inusitado, do drible, do lençol, da caneta, do elástico. E, tirando o gol, podem ver que é um dos poucos momentos do jogo que arranca gritos da plateia. Um drible bem dado, uma jogada bonita, dá um encanto especial ao jogo. Quantas vezes não dissemos que “a jogada valeu o ingresso”?

Mas reparem a maioria dos jogos que assistimos hoje. É o tal futebol solidário, entendendo com isso uma aborrecida sequencia de passes para o lado, sempre burocráticos, como se o jogador tivesse medo de errar. E como nada é perfeito, acabam errando mesmo, fazendo o jogo, que já era chato, ficar irritante! É uma tristeza constatar que ninguém (ou quase ninguém, para dar chance aos poucos talentosos de personalidade forte) tenta o drible. Quando alguém faz uma jogada espetacular e “humilha” o adversário, sai briga. A própria torcida, iludida pelo discurso da imprensa de “eficiência e jogo de equipe”, não perdoa o jogador que erra dois ou três dribles seguidos, e vaia o coitado. Na próxima o cara vai fazer a jogada da “bola de segurança”, ou seja vai tocar pro lado ou para o jogador mais próximo. Cadê aquelas arrancadas sensacionais, os dribles perto da área, o jogador que para a bola e olha para as pernas do adversário para encontrar um caminho de passar com a bola ao invés de tocar para o lado? O futebol continua com sua magia, dada a imprevisibilidade e ao fato de ser um dos poucos esportes coletivos em que um time teoricamente mais fraco pode vencer o mais forte. Mas cada vez mais os jogadores “obedientes taticamente” são super valorizados em detrimento dos mais abusados e “fominhas”. Porque o futebol precisa do “fominha” também. O verdadeiro “jogo de equipe” é quando cada um contribui ao máximo com o seu talento natural, em prol do gol, da vitória e da alegria da torcida!
Por isso, depois de anos dizendo que eu gosto de futebol, hoje em dia eu digo que nem sei se gosto mesmo de futebol. Eu gosto mesmo é do Flamengo!

E que o Flamengo não venha ressuscitar os mortos mais uma vez, dando mole para este horrível time da cruz de malta, que além de um dirigente da pior espécie agora tem um técnico mais medíocre ainda. E que me desculpem os amigos vascaínos pela falta de respeito, mas foram vocês que falaram nisso primeiro...
Pra cima deles, Mengão!


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