Amigos rubronegros,
decidi que tenho muito pouco para falar do próximo jogo contra o Vasquim. A
vitória é necessária e quase obrigatória, de tal forma que se não fosse o que
costumo chamar de “irresistível vocação do Flamengo de complicar jogos fáceis”,
eu já estaria contando com os três pontos. Mas já que jogar com o Flamengo é um
campeonato a parte para o boquirroto presidente vascaíno, vamos torcer para o o
Vice voltar, já que o respeito voltando foi mais uma ilusão do destemperado
dirigente, como foi a contratação do Léo Moura. Mas ele diz que Ronaldinho
Gaúcho “está 90% acertado”. Tomara.
Por isso resolvi
falar do futebol propriamente dito, ou do que temos visto em campo e que vem
sendo chamado, imerecidamente, de futebol. Neste último fim de semana resolvi
gastar um tempinho de vida assistindo integralmente ao segundo tempo do jogo do
Brasil. Não tenho muita simpatia pelo discurso de que “no meu tempo era melhor”
nem pela nostalgia sem fundamento. O mundo muda, as coisas se transformam, a
evolução (ou a involução, em alguns casos) é inevitável, e não me agrada muito
este papo de tudo que é antigo é mais legal. Tem muitas coisas boas acontecendo
no mundo, apesar das guerras eternas e do ódio racial e religioso. A medicina
evolui, as técnicas de produção de comida também, a ciência e a tecnologia
avançam e muitas coisas boas são hoje verdadeiros presentes para a humanidade.
Mas no futebol... Corrupção de juízes, roubalheira na construção de estádios,
valores absurdos por jogadores medianos, exportação de jogadores em idade
juvenil, suspeição sobre dirigentes e entidades, e o pior, a impunidade. Ou
seja, ao contrário das demais coisas coisas, no futebol vale a pena ter
saudade. Isso de certa forma acontece na música também. E saudade não tem
idade. Jovens que não viram o Zico jogar dizem ter saudade deste tempo e deste
futebol mágico.
Primeiro é
importante dizer porque assistir uma partida da seleção brasileira virou um
hábito pobre de emoções. Na minha opinião, o que falta é identidade com o time.
Mesmo correndo o risco de ser chamado de “saudosista”, me lembro quando o
Saldanha foi escolhido como técnico da seleção e na sua primeira entrevista escalou
os onze titulares. Eram “as feras do Saldanha”. Com algumas mexidas do Zagalo,
aquele foi o time campeão do mundo em 70, uma das seleções mais cultuadas de
todos os tempos no futebol mundial. As pessoas conheciam os jogadores, sabiam
que TODOS eram excelentes jogadores, e mesmo sem a facilidade que a televisão
nos traz hoje, todos sabiam em que time jogavam e quais suas habilidades. A
verdade é que SELEÇÃO significava o que o nome diz! Selecionava-se os melhores
jogadores de cada posição e se colocava para jogar. Agora, pense na seleção de
domingo. Quem era Firmino, Fred, Fabinho, Fernandinho, Filipe Luis, Neto, e Geferson, antes de estrearem na
seleção? Quantos torcedores já tinham ouvido falar deles? Não digo nem que
sejam maus jogadores, digo apenas que ninguém tinha visto eles jogarem antes. E
quando viram, perceberam que mesmo os bons jogadores não são craques. Não é
mais uma SELEÇÃO. É muito mais um “catado” de jogadores que fazem (ou não)
sucesso em campeonatos obscuros, na Ucrânia, Emirados Árabes, China, e que parecem
ser convocados apenas para se valorizar e arrumarem novos contratos, com grande
possibilidade de que os responsáveis pela convocação sejam beneficiados por
estas negociações. Não há identidade da torcida com estes “vestidores da
amarelinha”. Não há mais aquela discussão gostosa dos torcedores que querem ver
os craques do seu time na seleção brasileira. Não sei a solução para o
problema. Mas tirando a época da Copa do Mundo (e mesmo assim com muitas
ressalvas), a torcida brasileira não é mais a mesma. Porque a Seleção também não
mais a mesma. Mas devem existir mais razões para isso.
E assim chego ao
segundo ponto da coluna de hoje, e que já explorei em colunas anteriores.
Assisti, como disse o segundo tempo inteiro do Brasil e Venezuela, e só me lembro
de UM único DRIBLE dado pelo time nos 45 minutos finais. Justamente o drible
que permitiu o cruzamento e o segundo gol do Brasil. O fato é que a evolução
física dos atletas (pelo menos nos times e países em que o preparo físico é
diário e preocupação constante) tornou o jogo de futebol muito mais disputado,
com todos os jogadores do meio para a frente marcados o tempo todo de perto.
Isso quando o atacante não volta para marcar o zagueiro que se aventura na área
adversária. Pois a única maneira de arrumar um espaço nesse futebol de pressão
é através do inusitado, do drible, do lençol, da caneta, do elástico. E, tirando o
gol, podem ver que é um dos poucos momentos do jogo que arranca gritos da plateia. Um drible
bem dado, uma jogada bonita, dá um encanto especial ao jogo. Quantas vezes não
dissemos que “a jogada valeu o ingresso”?
Mas reparem a
maioria dos jogos que assistimos hoje. É o tal futebol solidário, entendendo
com isso uma aborrecida sequencia de passes para o lado, sempre burocráticos,
como se o jogador tivesse medo de errar. E como nada é perfeito, acabam errando
mesmo, fazendo o jogo, que já era chato, ficar irritante! É uma tristeza
constatar que ninguém (ou quase ninguém, para dar chance aos poucos talentosos
de personalidade forte) tenta o drible. Quando alguém faz uma jogada
espetacular e “humilha” o adversário, sai briga. A própria torcida, iludida
pelo discurso da imprensa de “eficiência e jogo de equipe”, não perdoa o
jogador que erra dois ou três dribles seguidos, e vaia o coitado. Na próxima o
cara vai fazer a jogada da “bola de segurança”, ou seja vai tocar pro lado ou
para o jogador mais próximo. Cadê aquelas arrancadas sensacionais, os dribles
perto da área, o jogador que para a bola e olha para as pernas do adversário
para encontrar um caminho de passar com a bola ao invés de tocar para o lado? O
futebol continua com sua magia, dada a imprevisibilidade e ao fato de ser um
dos poucos esportes coletivos em que um time teoricamente mais fraco pode
vencer o mais forte. Mas cada vez mais os jogadores “obedientes taticamente”
são super valorizados em detrimento dos mais abusados e “fominhas”. Porque o
futebol precisa do “fominha” também. O verdadeiro “jogo de equipe” é quando
cada um contribui ao máximo com o seu talento natural, em prol do gol, da
vitória e da alegria da torcida!
Por isso, depois de
anos dizendo que eu gosto de futebol, hoje em dia eu digo que nem sei se gosto mesmo de futebol. Eu gosto mesmo é do Flamengo!
E que o Flamengo
não venha ressuscitar os mortos mais uma vez, dando mole para este horrível
time da cruz de malta, que além de um dirigente da pior espécie agora tem um
técnico mais medíocre ainda. E que me desculpem os amigos vascaínos pela falta
de respeito, mas foram vocês que falaram nisso primeiro...
Pra cima deles,
Mengão!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.