Olha a carrocinha aí !

Amigos do Conversa Flamengo, cada um dos clássicos regionais tem algum apelo especial para os torcedores. Um Fla x Flu é eterno e histórico, um Fla x Vasco é o “Clássico das Multidões”, e até o “Clássico da Paz”, como era chamado quando o Flamengo enfrentava o América, tinha o seu charme. No caso do América, era dia de festa na minha casa, porque minha mãe, que era americana doente, colocava camisa no dia do jogo, bandeira na janela e radinho de pilha no ouvido desde as primeiras horas da manhã.

Mas Flamengo e Botafogo, para boa parte dos rubro-negros da minha geração, era um caso a parte. Primeiro porque eu entrei no mundo do futebol para valer em 1967, quando o time alvinegro tinha uma linha formada por Rogério, Gerson, Roberto, Jairzinho e Paulo César. Foi na derrota para este timaço em 67 que eu senti que minha alma era rubronegra e assim seria para sempre, para desgosto da minha mãe, Dona Maria, americana da Tijuca, que se fosse rica teria me deserdado pela infidelidade às tradições familiares. Segundo porque me lembro do dia 15 de novembro de 1972, quando o Botafogo meteu 6 gols no Flamengo e eu passei os 9 anos seguintes tendo que olhar para uma faixa branca ("Nós Gostamos de Vo-6"), presente no Maracanã em todos os jogos contra o Botafogo, até o dia em que o Andrade meteu um balaço nas redes do Paulo Sérgio, completando a nossa vingança. Naquele 8 de novembro de 1981, treinando para ir disputar o Mundial de Clubes, colocamos 69 mil torcedores no estádio, e jogamos com Raul, Leandro, Figueiredo, Mozer e Junior, Andrade Adilio e Zico, Tita, Nunes e Lico. O técnico era o Carpeggiani, que já tinha parado de jogar. Os gols, só para completar a informação, foram de Nunes (7), Zico (27), Lico (33) e Adílio 40 do 1º tempo. Zico, de pênaltiaos 30 e Andrade aos 42 do 2º tempo completaram a nossa alegria. Naquele dia Júnior completava a 500ª partida das 857 que ele fez com a camisa do Mengão.

Portanto, foram 9 anos menos uma semana de estado “latente” de raiva contra os botafoguenses. Desenvolvi uma gana toda especial em ganhar do time da cachorrada. E nesse ano de 2013, em função da Copa do Brasil, Campeonato Carioca e Brasileiro, temos várias oportunidades de exercitar esse saudável exercício da gozação em cima dos nossos rivais. Neste domingo nosso objetivo é recompensar a torcida que vai fazer a sua parte nesta arrancada rumo ao G4 e no dia 23 vamos buscar o tricampeonato da Copa do Brasil. Só depois disso veio a fase Vice, onde jogar com o Vasco era uma alegria, pois sempre terminava com “vice-posição” do bacalhau em algum campeonato ou taça.

Confesso que tenho abdicado de pedir uma grande exibição de futebol do nosso time. Nosso técnico tem conseguido resultados consistentes, com um time aguerrido, que, se não prima pela técnica elaborada, sobra em aplicação e “concentração”, que parece ser a tônica desta nova maneira de jogar. Os jogadores são os mesmos da época do Mané “Fujão” Menezes, ou seja, não é o timaço que todos nós esperamos para 2014, mas é um time que não se amedronta e que tem acertado a sua defesa, mesmo com todas as substituições de zagueiros que está sendo obrigado a fazer. Enfim, é um time que vem honrando as tradições rubronegras, e é só isso que a torcida exige. Raça, Amor e Paixão !

Da minha poltroninha paulista estarei torcendo e gritando como os mais de 40 mil torcedores que espero para este jogo. Torcendo pela manutenção da invencibilidade do Jaime no comando do Flamengo, pela importância tática da redescoberta do Amaral, pelas defesas milagrosas do Felipe e pelo jeito desengonçado do Brocador, o artilheiro do Novo Maracanã !

Prá cima deles, Mengão ! Te cuida, Seedorf, que a carrocinha rubronegra vem aí !