Conversa Flamenga com Sidney Bastos

Um dos muitos times que pode ser escalado de memória

Hoje o nosso espaço traz uma singela, mas merecida homenagem. Aproveitando uma necessária viagem ao Rio de Janeiro, resolvi aceitar um convite antigo e almoçar com uma figura agradabilíssima, dono dos olhos azuis mais rubro-negros que eu já conheci, e de um coração que transborda de amor ao próximo, à sua eterna Dedé e ao Flamengo, incondicionalmente.

Foram mais de três horas de boa conversa, e seria impossível reproduzir em poucas linhas a riqueza deste bate papo, regado com pelos menos 8 águas tônicas, divididas com outro amigo rubro-negro, o Elias da Costa e Silva, convidado por mim e aceito de imediato pelo espírito generoso do Mestre.

    Sidney sempre quis ser mesmo é jornalista, e além de historiador, se formou na PUC, antes de trabalhar no jornalismo esportivo na Luta Democrática e no Jornal dos Sports. As histórias contadas pelo Sidney dariam um livro, se detalhadas, mas a escolha pela profissão de professor tem vários episódios interessantes. A começar pela opção de fazer  o curso Normal ao invés do tradicional Científico, ou da Escola Técnica, para onde também havia sido selecionado. O raciocínio foi simples  : Escola Técnica, só homens ! Normal, a maioria de mulheres ! E lá se foi o nosso bendito fruto para a companhia de outros 4 rapazes e 400 meninas ! Terminado o curso, era hora de escolher a escola para dar aula, porque naquele tempo a admissão ao Normal já era o ingresso na profissão, começando pela criançada do primário. Bem que o Sidney perseguiu seu sonho inicial de ser jornalista, numa época em que o jornalismo era competitivo e feito de homens descasados e boêmios, o contrário do tipo de vida que o Sidney estava começando ao lado de sua Dedé. O resultado foi que as crianças ganharam um belo abnegado professor, capaz de dar aulas das 6 da manhã ao fim da noite, e o jornalismo perdeu um talento natural. Mas a paixão por escrever se manteve e foi quase como uma brincadeira que Sidney começou, ao lado do filho Carlinhos, o Flamengonet, um blog pioneiro, que chegou a ser referência no meio rubro-negro, ganhando prêmios seguidamente, incluindo os cobiçados IBEST. 

Os prêmios

Sem a colaboração do filhão, que acabou absorvido pelo novo emprego na maior empresa do Brasil, Sidney acabou transitando também pelo Flamengo RJ e acabou parando no FlaEterno, onde brinda seus frequentadores com textos claros e apaixonados, amparado pelo carinho eterno dos irmãos Pellegrino.

E chamá-lo de Mestre é mais que justo, já que são 42 anos de magistério, profissão que acabou levando a melhor na disputa contra o sempre sonhado jornalismo, onde também se aventurou com sucesso.

Seria impossível contar aqui, sem recursos do gravador e com a minha limitada capacidade de memória, todos os deliciosos episódios narrados pelo Sidney, que nos deixavam de boca aberta e olhos fixos (tanto os meus como o do Elias) na figura ímpar que é o Sidney Neves Bastos. Uma boa parte desta maravilhosa conversa, claro, sobre sua grande paixão, que é o Flamengo. Torcedor deste 1953, Sidney teve o privilégio de vivenciar o tricampeonato iniciado naquele ano e todos os títulos e esquadrões que vestiram o manto rubro-negro desde então. Ele é capaz de citar as escalações completas de vários destes times, ajudado por um “Baú de tesouros” onde guarda edições completas da Manchete Esportiva e do Globo Esportivo. 

O Baú de Tesouros do Mengão

Impressionante a sua disposição de sempre ver o copo com água pela metade como “quase cheio”, contrariando que sempre vê o mesmo copo como “quase vazio”. Sua capacidade de trazer referências de sua memória para analisar com otimismo as situações atuais é praticamente inesgotável ! Avesso às explicações sobrenaturais, Sidney sempre encara a última derrota como o fim de uma fase e o início de uma nova época de glórias e conquistas. Conversar com o Sidney foi, para mim, uma aula deste professor apaixonado pela vida e pelas coisas boas da vida, pelos sentimentos fraternos e pela alegria de ser Flamengo e de viver. Ele repete incansavelmente que a vida é boa, que existem muitas pessoas boas no mundo que neste exato momento existe muita gente fazendo coisas boas por este mundão sem fim.

Fica aqui o meu agradecimento sincero pelo tempo e pelos ensinamentos, não só de um rubronegrismo imenso, mas também pelas lições de vida. 

Obrigado, Mestre Sidney. Quem sabe em breve eu consigo uma nova oportunidade de esticar essa verdadeira Conversa Flamenga. E dessa vez quem vai pagar a conta sou eu, combinado ?

Abraço a todos e Saudações RubroNegras !