Amigos rubronegros, confesso que já tive muito mais
otimismo em relação ao título brasileiro de 2016. Depois de passar três anos
ouvindo que a Diretoria atual era boa de pagar contas mas que não entendia de
futebol, começamos no ano passado a mudar o patamar dos jogadores contratados. Em
2016, mesmo com vários contratados vindo sem custo de aquisição e por isso sendo
taxados de “refugos”, houve uma melhora significativa na qualidade dos nossos
reforços. Com uma zaga nova, Diego, Damião e Cia, acabou-se o discurso da diretoria
não fazer a sua parte. Fez. Pode ter acertado ou errado, mas trouxe o elenco
que era possível trazer, até com algumas supresas positivas. A torcida vem
fazendo o seu papel, não importa onde seja o jogo. Cabe agora aos jogadores e
treinador mostrarem em campo do que esse elenco é capaz de proporcionar em
termos de títulos e classificação para a Libertadores. Já disse aqui várias
vezes que sou do tipo que com duas vitórias seguidas sai gritando “Rumo a
Tóquio”. Mas a realidade está me ensinando que é preciso mais cautela nesse
otimismo. Depois de um 4 a zero para o Corinthians difícil de entender (jogamos
MUITO melhor por 60 dos 90 minutos), estreamos na Sul Americana com outra
derrota por 4 gols. E dessa vez não tem nem como se alegrar. O time fez uma das
piores partidas deste ano… Ah, mas era um time reserva! Era mesmo? Cuellar,
Mancuello, Guerrero, Rodinei, Donatti… não eram esses que eram pedidos no time
titular? No fim do jogo a raiva era tanta que se eu estivesse escrito esta
coluna na sequencia teria sido uma peça muito feia, mistura de choro, chupeta e
revolta. Melhor sempre deixar a água da fervura baixar…
Agora, passadas 48 horas, mais calmo, volto a pensar
nessa partida e em qual o impacto que ela terá para o jogo seguinte contra a
Chape e para a própria sobrevivencia do Flamengo na Sul Americana. Basicamente
nosso maior problema contra o Figa foi a zaga, ou melhor, a defesa. Me recuso a
acreditar que o Donatti, escolhido como um dos melhores da Libertadores, só
tenha esse futebolzinho “escorrega e cai de bunda” para nos oferecer. Me lembro
o tanto que a torcida criticou o Egídio antes de ele ser titular absoluto da
lateral no bicampeonato do Cruzeiro. Lembro que fiz coro pela barração
definitiva do Erazo, que acabou sendo titular em times importantes do futebol
brasileiro. Portanto, vamos dar ao gringo a chance da dúvida. Mas a zaga
titular, hoje, é Rever e Vaz. Aliás, o próprio Vaz deu uma entregada básica
contra o Fluminense, e mesmo assim conseguiu reconquistar a simpatia da
arquibancada.
Mas o pior de uma derrota como essa, além de quebrar a
confiança em uma arrancada definitiva de sucessos no ano, é a estranheza desse
desempenho. Li e ouvi torcedores dizendo que o time fez isso de sacanagem, que
o Paulo Victor entregou o jogo de propósito. Pera lá, pessoal! Depois de rever
o jogo, de entender o que aconteceu em cada gol, a única conclusão que cheguei
foi de que a nossa defesa teve a pior atuação de 2016! Os laterais estavam mal
e não apoiaram nem foram eficientes no combate. A zaga abusou de errar. Assim
como as vezes tudo conspira para dar certo, dessa vez tudo deu errado. Talvez
fosse até previsível, já que o goleiro não jogava há muitos meses, Juan e
Rodinei vinham de lesões e o Donatti só jogava no treino. Ah, e o Chiquinho? Esse
não conta. Os últimos jogos sem o Jorge já mostraram que o que ele sabe jogar e
é isso aí mesmo. Poderia ter o técnico adivinhado essa conjunção de falta de ritmo
e azar? Talvez! Mas quem não ficou animado em ver Mancuello ao lado do Aarão?
Em ver Cuellar de titular? Nas redes sociais o time escalado estava sendo
chamado de “escalação da torcida”!!!
Não sei se o time que entrou em campo treinou o
suficiente nesta formação. A cada dia me convenço que não basta um bom elenco,
é preciso treinar cada vez mais, ensaiar jogadas, estudar o adversário. É claro
que tem o dedo do treinador na derrota. Mas, mais uma vez, talvez a lição tenha
sido necessária e tenha sido aproveitada. O jogo de volta, se conseguirmos a
vitória por dois gols, vai escrever a história final desse confronto. A Sul
Americana não é uma competição menor. Vence-la, ou pelo menos progredir até às
fases finais, trará ao clube a projeção que ele merece, o dinheiro que a
diretoria precisa e a experiência que a torcida quer ver em campo. Vamos
torcer!
Por outro lado, algumas conclusões são óbvias. Apesar
do bom elenco, está claro que este não é um time preparado e no ponto para
conquistar títulos. Podemos sim engrenar uma sequencia, sermos beneficiados
pela contribuição de um craque em campo, como o Diego, e pela entrega e
disposição que o Damião já mostrou, mas o caminho é longo e as armadilhas estão
espalhadas pelo meio do caminho. Como, aliás, estão supreendendo todos os times desse Brasileirão. Não há bicho
papão e as derrotas e empates inesperados acontecem para todos. Em um futuro próximo, alguns jogadores que
hoje são titulares absolutos, nem banco serão. Algumas esperanças do passado,
como Adryan, serão sempre esperanças e não terão lugar em um time de “feras”.
Alguns jogadores que hoje entram bem um jogo e mal no seguinte, como Everton e
Gabriel, estarão longe até do nosso banco. Mas o que temos hoje é isso aí. Um
time capaz de uma brilhante vitória contra um concorrente direto, como Grêmio,
mas incapaz de fazer frente a um time “master” como o Figa. Talvez resida aí a
beleza do futebol. Nenhuma vitória é conquistada antes do jogo acabar e nenhuma
derrota está selada antes do apito final. Que o Flamengo honre suas tradições,
revertendo a desvantagem na Sul Americana, e que aproveite a sequencia no
Brasileiro para ganhar os pontos que precisa para ficar na ponta de cima da
tabela.
Pra cima deles, Mengão!