Que o Flamengo não vem jogando bem é óbvio! E não estou
reclamando porque o time de futebol masculino não ganhou nada nesse semestre.
Ganhar ou perder faz parte do jogo (o que também é óbvio). O problema é que o
Flamengo não está jogando NADA! Tivemos alguns poucos lampejos, alguns jogos em
que poderíamos ter vencido se a sorte nos favorecesse, mas a cada jogo, a cada
mudança na equipe, nossas esperanças se desvanecem, viram fumaça como os
zagueiros que o Flamengo vai contratar. Não é o 4-3-3 ou o 4-4-2 que não dão
certo. É o time inteiro que se perde em campo, sem apresentar um padrão de jogo
ou o espírito de união que caracteriza uma equipe vencedora. Jogadores que
tentam virar heróis, resolvendo tudo sozinho e perdendo bisonhamento a jogada e
a posse de bola. E é óbvio que o Muricy tem culpa nesse cartório. Ele pode ser
um técnico consagrado, tem o meu respeito pelo ser humano correto que demonstra
ser, mas está mais que evidente que este “modelo Barcelona” não funciona sem jogadores
acima da media que nós não temos. Ou sem um Iniesta que dê cadência e
objetividade neste meio de campo que invariavelmente perde o controle da região
de onde deveriam nascer as jogadas que municiam o ataque. A ponto de começar a
sonhar com dois ou até três volantes nesse time, na esperança de que pelo menos
paremos de perder seguidamente para times que hoje estão na série B, C e até D.
Não sei dizer o destino do nosso técnico depois do seu problema de saúde. Mas
se for para insistir no que está claramente não está dando certo, melhor pedir
para sair mesmo. Vamos ter problemas para achar um bom técnico para o seu
lugar, mas é melhor do que temer o rebaixamento com o que seria “o melhor
elenco” dos últimos três anos. Mas existem novos nomes para apostar, como o
Fernando Dinis, que fez o Audax chegar na final do Paulistão com um futebol
diferente, ofensivo e compactado, por exemplo.
Também é óbvio que o presidente Bandeira de Melo não
acertou a mão no futebol, e os títulos da Copa do Brasil de 2013 e o Carioca de
2014 foram quase um “acidente de percurso”. Rodrigo Caetano, o homem que chegou
com status de grande negociador, com relações fortes com empresários e clubes,
não emplacou grande sucessos na suas contratações. O Rodrigo Caetano só parece
ter tido sucesso em colocar ex-jogadores nos outros clubes. O que não deve ser
tão difícil assim, já que estes jogadores saem quase a custo zero para quem os
contrata. Vejam bem, não estou querendo trazer de volta o Muralha, Negueba,
Thomás, Adryan e o resto da turma menos cotada, como Val, Bruninho e etc. Só estou
dizendo que mandar embora tem sido muito mais fácil do que trazer bons
jogadores. Não é possível que o Flamengo fique um semestre inteiro buscando um
zagueiro e não consiga nada, enquanto a saída (Marcelo, Samir, Cesar Martins,
Frauches, Erazo, Bressan) seja constante e tranquila. Também não estou dizendo
que quero estes jogadores de volta. Só percebo que a saída é sempre facilitada
e a entrada parece uma porta trancada. É claro que a falta de dinheiro é uma
variável importante para um clube que quer se reogarnizar financeiramente. Mas
trouxemos vários jogadores relativamente caros, não é admissível que não
tenhamos olhado os jogadores que hoje estão fazendo sucesso no Atlético
Nacional de Medelín ou no Indepediente Del Valle. Não é possível que o Juninho
tenha preferido ficar no Coritiba, rejeitando a oferta do Flamengo. Que ninguém
tenha visto o Arturo Mina jogar, ou não tenham tentado zagueiros do próprio
futebol brasileiro que poderiam ser trazidos com o pagamento da sua multa. Não
é um bom trabalho e de todas as mudanças que podem ser feitas, trocar o Diretor
de Futebol ainda é a menos traumática. Já ficou claro que o Caetano não vai
pedir para sair, então, é hora do presidente (ou do Vice, já que o titular está
“contribuindo com a CBF” nos próximos 30 dias) fazerem o que lhes compete como
dirigentes máximos deste clube Nação. Rifem esse vascaíno pé frio e vamos em
frente!
Mas entre as coisas que são óbvias, deveria ser claro
também que temos a melhor administração do clube em muitas décadas. Se
continuarmos nessa recuperação, em breve, com os jogadores e dirigentes certos,
seremos uma potência não só do Brasil como do futebol internacional. Antes
dessa gestão (2012), com 200 MM de receitas (não considerando as receitas de
transferências) estávamos atrás dos principais times de São Paulo (Corinthians,
SP e Palmeiras) e de outros menores, como o Atlético do PR. Em 2015, alcançamos
o primeiro lugar em receitas (344 MM) e o maior superávit (130 MM no resultado
de Receitas menos Despesas) entre os clubes da série A. E olhem que ainda somos
a segunda maior dívida total, mesmo tendo feito não só uma redução impensável como
tendo ajustado as questões fiscais e trabalhistas, cicatrizes indeléveis das
gestões anteriores. Não estou dizendo que isso deveria nos satisfazer, pois
nossa tradição de luta e comprometimento não vem sendo hontada e a torcida, que
tem feito a sua parte lotando os estádios quando isso é possível, não tem sido
recompensada a contento. Mas daí a chamar o presidente de “banana” ou colocar
textos ofensivos a sua pessoa nas redes sociais vai uma distância tão grande
como a do futebol que queremos ver essa equipe jogar. Está rodando na internet
um áudio onde um suposto torcedor flamenguista diz que Flamengo é mesmo time de
bandido, que quer o matador Bruno de volta, que o Imperador era malandro mas
era bom, que não temos que pagar salários em dias, que vale qualquer coisa
desde que o time ganhe. Me mostraram este vídeo morrendo de rir, e apesar de
reconhecer a criatividade e senso de oportunidade dos autores, só consegui
sentir tristeza. Não é retroagindo que vamos avançar. Eu quero um time compacto,
organizado, seguro na defesa, com um meio campo equilibrado e um ataque eficiente.
Mas uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa. Não apoio a viagem do
nosso presidente com a seleção brasileira, mas respeito a sua decisão que me
desagrada. Não é porque o time está mal que a honra do Bandeira deva ser
atacada. Tirando essa viagem, e a maneira como o Jaime foi demitido (mesmo
querendo a sua saída na época), vejo muito mais acertos do que erros na conduta
do nosso presidente. E não aceito que os torcedores que postaram a favor de outras
candidaturas e depois “sumiram do mapa” aproveitem a oportunidade para reaparecer
e desancar o presidente como se as soluções para os nossos problemas sejam
simplesmente maldizer um cidadão honrado ou pedir a volta ao passado. O momento
é difícil para as duas “Nações”, a rubronegra e a brasileira. E a resposta não
está no incentivo ao ódio ou na separação dos “compatriotas”, está na sua união
em prol do bem comum. Como alias devia ser em campo também.
Para não dizer que não há alegrias, depois da vitória
do sub20 na Copinha e do Basquete, que entrou na reta final para mais um título,
nos vemos agora campeões brasileiros de futebol feminino. Como a imprensa não
parece ter dado o destaque necessário a esta importante conquista (a primeira de
um time não paulista em 4 anos de competição), fica aqui o nosso agradecimento
às atletas que nos levaram a esta vitória, sinceramente demonstrando mais garra
e entrega do que os profissionais masculinos tem apresentado. Valeu meninas, parabéns,
obrigado, e que esse exemplo comece a se reproduzir, começando por este difícil
compromisso contra o Grêmio na casa deles. Pra cima deles, Mengão! (mas sem
descuidar da defesa…)