Sobre preço dos ingressos, gratuidades e meia entrada: Uma questão polêmica!

(Com Elias da Costa e Silva, Douglas Galvão, Juberto Pereira, Rodrigo Ribeiro, e na assessoria de imprensa, Roni Pedra de Guaratiba)

Amigos do Conversa Flamenga, confesso que meu mau humor com a última apresentação do Flamengo é tão grande que corro o perigo de contaminar o texto todo com esta má disposição do espírito. Um bom amigo dizia que a inveja é o “mau hálito da alma”. Troquei a inveja pelo mau humor e realmente acho que depois de uma exibição tão sem vergonha como esta contra o time do Muricy, a alma rubro-negra amanheceu, no mínimo, com um mau hálito horroroso.

Para piorar, me comprometi em fazer uma coluna sobre o assunto que virou moda na imprensa, e que talvez já tenha até esgotado o assunto. Mas como recebi colaborações de alguns “conversantes” daqui, vou buscar fazer um apanhado geral e que cada um tire suas próprias conclusões. Dificilmente haverá um consenso nesse assunto, e antecipadamente peço desculpas a quem discordar, mas o lema aqui no Conversa Flamenga é que não há assunto nem opinião proibida, e que no final de tudo nunca há vencidos ou vencedores.

A vontade de escrever sobre a questão do preço dos ingressos começou com uma declaração do nosso colega Rodrigo, que abortou o sonho de pelo menos umas 40 pessoas que viriam do interior do RJ para a grande final. Em um verdadeiro desabafo, Rodrigo afirma se sentir parte dum grupo de “subtorcedores”, que é como ele acha que estão sendo tratados os torcedores que ainda não aderiram ao sócio torcedor. Desnecessário dizer que essa “parcela de subtorcedores” alcançaria a absurda quantidade de 40 milhões menos cerca de 55 mil, ou seja, mais de 99% da torcida rubro-negra. Você não está sozinho, Rodrigo, e este número desmente que qualquer direção séria, como eu acho que são nossos dirigentes atuais, pensam assim ou queiram que esses torcedores sejam vistos desta forma, até porque nem só de ingressos vive a receita do CRF. Mas o fato é que o sentimento é genuíno e calcado em um fato real: O valor dos ingressos superou qualquer expectativa do torcedor comum, que passou um ano complicadíssimo na sua maior paixão e que agora, justamente na hora da Final, se sente alijado do direito de ver o seu time em campo. Se a palavra de ordem no futebol de hoje  é bom senso, este não parece ser o que determinou estes valores.

Nosso amigo Elias lembrou um ponto importante: As reformas do Maracanã, com custo de 1,5 Bi de reais, tornou o Maracanã um estádio caríssimo para se jogar. Nem vou discutir aqui quais reformas seriam ou não necessárias para a Copa, mas é fato sabido e comprovado que os valores gastos extrapolaram qualquer previsão decente, pressupondo que mais uma vez houve desvio de verba e malversação de dinheiro público. Para piorar, o modelo de concessão do estádio a uma empresa particular, inicialmente até afastando os clubes da gestão, tornou uma partida no Maracanã uma aposta, até hoje sem conclusão dos benefícios que trazem aos principais responsáveis pelo espetáculo, que são os clubes. Elias lembra ainda que as gratuidades para menores de 12 anos e maiores de 65 formam uma equação difícil de se encontrar o equilíbrio, principalmente para um clube que assumiu que sua dívida é de 750 milhões de reais, e que até o início deste ano não conseguia nenhuma certidão negativa junto aos órgão públicos.

Ainda sobre as gratuidades e principalmente sobre a questão das meias entradas, fomos buscar as palavras de nossos dirigentes na imprensa. O BAP, nosso vice presidente de Marketing, citou como exemplo que 74% dos ingressos do jogo contra o Goiás foram vendidos como meia entrada, sem controle real na entrada. O resultado é que em dois dias os ingressos haviam acabado e estavam....na mão dos cambistas, que vendiam o ingresso mais barato a R$ 170,00, ou seja, próximo do menor valor nominal estipulado para a final, que é de 250 reais. Já o presidente Bandeira de Mello explicou que o clube passa por um momento financeiro complicado (o que não chega a ser novidade), e que a renda irá servir também para a compra de Elias.

Contra essa destinação do dinheiro se levanta Douglas Galvão, conhecido aqui por não ver esse futebol todo no jogador Elias. Verdade seja dita que quando o Elias joga bem, até o Douglas reconhece, como atestam “os anais” do Conversa Flamenga. Mas se de fato o que se pretende é pagar um absurdo de dinheiro por este jogador (a meu ver um bom jogador mas muito longe de um craque de bola) e ainda CEDER O LUIZ ANTONIO na negociação, a justificativa beira o absurdo total. É bem verdade que eu já li desmentidos de que essa hipótese esteja sendo considerada pela diretoria, e espero acreditar que uma das nossas melhores revelações não sairá da Gávea a troco de banana, como chegou a ser especulado na imprensa. Além de não concordar com o caminhão de dinheiro para pagar o Elias, Douglas opina que uma majoração de até 100% do valor seria considerada normal. Suas palavras: 

“-Quanto se pergunta se é justo o aumento do preço, sempre vemos que num espetáculo que oferece mais atração o valor é majorado e, nesse caso, eu acho justo o aumento até o máximo de 100% do preço normal, mais que isso é "crime de usura"! E as gratuidades (legislar com a grana alheia é uma arbitrariedade condenável, a ninguém deveria se dar o poder de obrigar outrem a gastar com um espetáculo e oferecer de graça por "força de lei"!) para esse jogo deveriam ser suspensas! Eu tenho mais de 65 e ficaria até envergonhado de "entrar de graça" em espetáculos de qualquer natureza, desconto, tudo bem, gratuidade não!”.

Ou seja, chegamos em um outro ponto que precisa de uma revisão na legislação carioca, já que em outros Estados isso não acontece.

Não é segredo para ninguém que as “carteirinhas de meia entrada” viraram uma máfia de entidades pseudo representantes dos jovens e dos estudantes. Um parte enorme desses documentos que garantem uma sangria considerável nos cofres de quem faz o espetáculo são meros pedaços de papel, sem legitimidade nenhuma. Se o cálculo das gratuidades varia entre 15 a 20% do total de ingressos, a meia entrada prevista para a final está em cerca de 80% dos ingressos vendidos! E que são comprados por cambistas, e ao invés de beneficiarem de fato quem precisa, acaba gerando receita para os espertalhões de plantão, pois o público acaba pagando mais caro na hora de comprar o ingresso e o Clube não vê a cor desse dinheiro. Resumindo, a expectativa para o jogo final é de que apenas 10% das pessoas acabem pagando o preço ”cheio”!

Além de todos esses problemas, outro ponto usado pela diretoria do rubronegro como justificativa para o aumento é de que o final do ano e o início do próximo ano são meses de cofres vazios, pois entram as férias dos jogadores (e continuam as despesas da folha de pagamento, 13º, etc) e o Campeonato Carioca não traz o resultado necessário para cobrir as despesas de um time que queremos ver cada vez melhor, e por conseguinte, que tende a custar caro mesmo.

Como se pode ver, não há uma conclusão simples sobre o acerto. O mais sensato seria fazer um resumo das coisas que precisam mudar. A saber :

•        É preciso rever esta lei de gratuidades. Popular é o Flamengo! Fazer demagogia com a receita alheia é POPULISMO, coisa de políticos inescrupulosos e oportunistas!;
•        É preciso dar um fim aos cambistas, ou pelo menos coibir a ação criminosa desta galera;
•        É preciso repensar este modelo de negócio do Maracanã, onde uma empresa cai de paraquedas no negócio e fica com a parte do leão;
•        É preciso moralizar este negócio de meia entrada! Que se crie um cadastro geral de meias entradas, para os quais só sejam elegíveis quem de fato precisa disso, com consulta não só na hora de vender como na hora de entrar nos estádio!

E sem conclusão final, que a meu ver não existe, iria encerrar este texto, que é muito mais um convite a reflexão do que uma crítica ou opinião definitiva, se não fosse o oportunismo safado de algumas pessoas e entidades que a meu ver estão tentando se aproveitar da situação, sob o pretexto de defender os torcedores.

Primeiro, de uma pessoa cujo nome não merece ser citado, mas que busca a justiça para alfinetar os dirigentes, pois quando era presidente do Conselho Fiscal não se incomodou com as prestações de contas atrasadas e com as despesas feitas em nome do clube sem comprovação. Que os deuses do futebol não permitam jamais que esse cidadão seja de novo qualquer coisa de importante no futebol do Flamengo.

E além disso, que o Procom resolva primeiro o problema dos aumentos dos planos de saúde, dos seguros, das cobranças de TV a cabo, telefonia, etc, e deixe de agir arbitrariamente contra o Flamengo, como se portou no episódio da "invasão da Gávea” e da detenção do nosso diretor. Não há aqui nenhuma chancela ao aumento enorme do preço dos ingressos. Apenas a constatação de que o Flamengo é grande demais e muita gente quer ser “celebridade por um dia”. Ou melhor, usando as palavras dos amigos Juberto e Elias :

(Elias da Costa e Silva) - Quanto à palhaçada de PROCON, MIN. PÚBLICO baterem lá na Gávea, porque eles não prendem os Administradores do Estádio Mário Filho que permitem a venda de um copinho de água, que sai a 0,25 cts, por 3 reais ??? Um saco de pipoca a 5 reais, quando um pacote de milho custa menos 2 dois reais ??? Picolés, refrigerantes, etc ... sendo vendidos por 3 / 4 vezes mais ??? "Por que no jogo do Santos o ticket médio era de R$ 110? Na final da Libertadores do Atlético-MG foi mais de R$ 200. O nosso vai ser R$ 121. Por que todos eles podem e o Flamengo não? Por que tem 8 mil gratuidades no Rio e em outros Estados não? Estão fazendo demagogia e populismo barato." Diretor de Marketing do Flamengo, Fredy Luz.

(Juberto Pereira) - Brincadeira de mal gosto a majoração do valor dos ingressos ir parar no Procon-RJ, que considerou abusivo o aumento no valor do ingresso para a final da Copa do Brasil, e quer um acordo para reduzir os preços. Com valores custando R$ 250 e R$ 800, e para os que já são sócio-torcedores, os valores caem entre R$150,00 e R$ 480,00, a intenção da Diretoria era fazer caixa pra honrar os compromissos de final de ano. Falo brincadeira porque o fato de termos herdado uma dívida de R$750.000,00 e contarmos com um jogo de impacto como esse, não justifica o Flamengo se expor e oportunizar as omissas autoridades a fazer nome em cima do time. Está certo que a população mais pobre tem a televisão em casa ou nos bares, mas os preços dos ingressos deveriam passar pela chancela de todos os envolvidos, de forma que o FLA caminhasse dento da legalidade, direcionado esse recurso inflacionário para a elite, promovendo ingressos acessíveis as demais classes. O FLA tem que INOVAR e manter a cultura de que todo tem direito ao acesso, dentro de regras legais. Eu acho que o FLA deveria ter uma carga de ingressos aos padrões brasileiros, de R$20,00. Perdemos muito é com ausência de Marketing, e com os atuais contratos com a televisão: Não sabemos o nosso verdadeiro tamanho!

Que o Flamengo jogue e seja do seu verdadeiro tamanho !

Saudações RubroNegras !